quinta-feira, 11 de março de 2010

14 de Março: Dia Nacional da Poesia

O Dia Nacional da Poesia, não por acaso, coincide com a comemoração do nascimento do grande escritor baiano Castro Alves. Poeta do Romantismo, foi autor de belíssimas obras, como o “Navio Negreiro” e “Espumas Flutuantes”. Sua arte era movida pelo amor e pela luta por liberdade e justiça.O QUE É POESIAPoesia é uma arte literária e, como arte, recria a realidade. O poeta Ferreira Gullar diz que o artista cria um outro mundo “mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado – por cima da realidade imediata”. Para outros, a arte literária nem sempre recria. É o caso de Aristóteles, filósofo grego que afirmava que “a arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra”. Declamando ou escrevendo, fazer poesia é expressar-se de forma a combinar palavras, mexer com o seu significado, utilizar a estrutura da mensagem. Isto é a função poética.

A poesia sempre se encontra dentro de um contexto cultural e histórico. Os vários estilos poéticos, as fases de cada autor, os acontecimentos da época e tantas outras interferências muitas vezes se misturam à obra e lhe dão novos significados.CARACTERISTICA DO ESTILO POÉTICOAntigamente, as poesias eram cantadas, acompanhadas pela lira, um instrumento musical muito comum na Grécia antiga. Por isto, diz-se que a poesia pertence ao gênero lírico.
Geralmente a expressão “poesia” se aplica à estrutura de texto em versos. Os versos são as “linhas” do poema. Um conjunto de versos forma uma estrofe.
Algumas características básicas da poesia são o ritmo, a divisão em estrofes, a rima. Um poema também possui métrica, que é a contagem das sílabas poéticas dos versos. Nem todos estes quesitos estão sempre presentes. Os poetas modernistas, por exemplo, adotaram o verso livre, despreocupado com a rima e a métrica.VIDA E OBRA DE CASTRO ALVESAntônio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847, na fazenda Cabaceiras, a poucas léguas de Curralinho, no estado da Bahia. Em 1854, foi estudar na capital, Salvador. Aos dezesseis anos, mudou-se para o Recife, no estado de Pernambuco, com o objetivo de se preparar para entrar no curso de Direito. Foi reprovado em sua primeira tentativa, já que não havia dado muita atenção aos estudos, mas obteve sucesso no ano seguinte, em 1864, quando se matriculou na Faculdade de Direito do Recife.Já em 1862 havia publicado um poema, “A destruição de Jerusalém”, no Jornal do Recife. A este se seguiram “Pesadelo”, “Meu segredo” (inspirado pela atriz Eugênia Câmara), “O Africano” (seus primeiros versos abolicionistas) e outros.O amadurecimento poético de Castro Alves pode ser percebido a partir de 1864, quando escreveu “Mocidade e Morte”, publicado com algumas modificações quatro anos depois, em São Paulo, onde foi morar com Maria Eugênia. Antes disto, o poeta intercalou períodos entre o Recife e a Bahia e escreveu o drama “Gonzaga”, que estreou com sucesso em 1867. Viajou para o Rio de Janeiro no ano seguinte e travou conhecimento com José de Alencar e Machado de Assis, que leram “Gonzaga”.Já em São Paulo, em 1868, obteve sucesso declamando a “Ode ao Dous de Julho” e o “Navio Negreiro”. É importante lembrar da participação de Castro Alves na fundação de uma sociedade abolicionista, juntamente com Rui Barbosa, Plínio de Lima e outros, ainda quando morava no Recife, em 1865.Castro Alves continua seus estudos de Direito em São Paulo. Contudo, em 1869, um disparo acidental numa caçada fere seu pé e a partir de então sua saúde fica debilitada, agravada por um enfraquecimento pulmonar. O poeta vai para o Rio de Janeiro, onde amputa o pé esquerdo, e no ano seguinte segue para a Bahia e lança “Espumas Flutuantes”.Os últimos dias de Castro Alves se passam na capital baiana. Morre de tuberculose em 6 de julho de 1871, aos 24 anos. Nas palavras do também poeta Manuel Bandeira, é a perda da “maior força verbal e a inspiração mais generosa de toda a poesia brasileira”.
POESIA DE CASTRO ALVESAqui você encontra a última parte do poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves. Uma obra-prima com a marca do poeta: o tema da escravidão.VI“Existe um povo que a bandeira empresta/
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!.../ E deixa-a transformar-se nessa festa/ Em manto impuro de bacante fria!.../ Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,/ Que impudente na gávea tripudia?/ Silêncio. Musa... chora, e chora tanto/ Que o pavilhão se lave no teu pranto!.../ Auriverde pendão de minha terra,/ Que a brisa do Brasil beija e balança,/ Estandarte que a luz do sol encerra/ E as promessas divinas da esperança.../ Tu que, da liberdade após a guerra,/ Foste hasteado dos heróis na lança/ Antes te houvessem roto na batalha,/ Que servires a um povo de mortalha!.../ Fatalidade atroz que a mente esmaga!/ Extingue nesta hora o brigue imundo/ O trilho que Colombo abriu nas vagas,/ Como um íris no pélago profundo!/ Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga/ Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!/ Andrada! arranca esse pendão dos ares!/
Colombo! fecha a porta dos teus mares!”/POESIA POPULAR: RIQUEZA DO NORDESTEO estilo poético nordestino é rico em folclores, lendas e valores regionais. Encontra-se principalmente associado à música, com destaque para os violeiros.
A partir da viola se desenvolvem os desafios, emboladas, repentes, cantorias, um sem-fim de ritmos e estilos próprios dos cantadores da região.
A cantoria, por exemplo, consiste em um improviso, em tom de desafio, entre repentistas. Seu primeiro representante é Romano do Teixeira, da Serra do Teixeira, no estado da Paraíba, ainda no século XIX.Antônio Alves da Silva, o Patativa do Assaré, do Ceará, é emblema da poesia popular nordestina. O apelido se refere a uma ave do sertão, a patativa, e à cidade perto da qual o poeta nasceu. Patativa faleceu em 2002, mas ficaram seus versos, falando sobre o sofrimento do povo. Seu estilo possui um acento social e muitas vezes satírico. Assim como a maioria dos poetas regionais, Patativa do Assaré nunca chegou a freqüentar escola e sempre compôs de memória. Desprezava a gramática – para ele, "uma grande besteira", preferindo o registro das coisas como são ditas e ouvidas. Assim falava Patativa, criticando o aparelho de televisão:PRESENTE DISAGRADÁVEL
"Toda vez que eu ligo ele/
No chafurdo das novela/ Vejo logo os papo é feio/ Vejo o maior tumaré/ Com a briga das mulhé/ Querendo os marido alheio/ Do que adianta ter fama?/ Ter curso de Faculdade?/ Mode apresentar programa/ Com tanta imoralidade !"/As poesias regionais do Nordeste geralmente são encontradas no formato de libretos de cordel. A poesia de cordel recebe este nome por causa de uma velha tradição em Portugal. No século XVII, era comum os folhetos fossem colocados à venda pendurados em um barbante, presos por pregadores de roupa. Barbante, corda, cordel – os cantadores e repentistas nordestinos adotaram este costume, pendurando seus versos e popularizando o que é hoje um dos principais símbolos da cultura popular brasileira.

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